
Uma pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina identificou a presença do mosquito Haemagogus leucocelaenus, vetor da febre amarela silvestre, em áreas de mata de cinco municípios catarinenses. É a primeira vez que o animal é registrado em Santa Catarina.
Clique aqui e receba as notícias do Tudo Aqui SC e da Jovem Pan News no seu WhatsApp
A descoberta ocorreu com coletas realizadas no início de 2023 – quando pesquisadores capturaram mais de 4 mil mosquitos em regiões de floresta. As análises, feitas em parceria com a Fiocruz, confirmaram que 91 deles pertenciam ao gênero Haemagogus leucocelaenus, mesmo com parte apresentando características semelhantes a outra espécie encontrada apenas no Acre.
Toda a investigação da UFSC começou após a confirmação de mortes de macacos em Santa Rosa de Lima, Rio Fortuna, Braço do Norte, São Martinho e Pedras Grandes, durante o ciclo de febre amarela registrado em 2021.
O mosquito Haemagogus leucocelaenus é ativo durante o dia e costuma depositar os ovos em cavidades de troncos de árvores. O ambiente ideal para a espécie é em áreas de mata – em locais quentes e úmidos, condições que vêm se intensificando com as mudanças climáticas e que favorecem sua proliferação.
Febre amarela confirmada pela UFSC
A febre amarela segue sendo uma doença grave, marcada por evolução rápida e alto risco de complicações quando não há diagnóstico imediato. No Brasil, o ciclo urbano da doença – transmitido pelo Aedes aegypti – não ocorre desde 1942. Desde então, todos os casos confirmados no país são do ciclo silvestre, transmitido por mosquitos como o Haemagogus e o Sabethes.
Em Santa Catarina, entre 2019 e 2021, foram registrados 27 casos e oito mortes pela doença. Em 2022, ocorreu apenas um caso, importado de outro estado.
A pesquisadora responsável pelo estudo lembra que a circulação do mosquito em território catarinense cria um cenário que exige atenção. Pessoas que vivem ou frequentam áreas rurais, especialmente próximas à mata, devem priorizar a vacinação. Segundo especialistas, moradores dessas regiões, chamadas de “borda de mata”, estão mais próximos do ambiente onde esses mosquitos se alimentam, aumentando o risco de exposição.
Além da imunização, o uso de repelente é recomendado para quem transita por zonas de floresta.
O estudo, que integrou a tese de doutorado da pesquisadora da UFSC, resultou em uma publicação internacional na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz e também está disponível na National Library of Medicine, maior biblioteca médica do mundo.

