
Uma médica servidora da Prefeitura de Florianópolis está sendo investigada por suspeita de fraude em licença saúde. Segundo denúncia encaminhada ao MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), a profissional teria se afastado do cargo para tratar de um problema de saúde, mas continuou atendendo pacientes em consultório particular durante o período de afastamento.
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A situação foi repassada pela Secretaria Municipal de Saúde ao Ministério Público, que determinou a abertura de uma investigação para apurar a conduta da funcionária pública. A defesa da médica nega irregularidade por não haver prejuízo financeiro à prefeitura e requereu arquivamento do caso ao MPSC.
A médica Naarai Camboim Bezerra, lotada no Centro de Saúde do Pantanal, afastou-se do serviço público em fevereiro de 2025. O caso veio à tona após uma denúncia feita por uma paciente, que relatou que uma familiar conseguiu agendar uma consulta particular com a médica no mesmo período em que ela estava de atestado.
“Ela está de atestado no trabalho no postinho, mas no trabalho particular dela não está doente. Eu não tenho vergonha de falar que tenho pouco estudo, mas sei que isso não é certo. Acho que isso é errado com dinheiro do povo”, formalizou a paciente, que teve a identidade preservada.
A Secretaria Municipal de Saúde instaurou uma apuração interna e identificou indícios concretos de atuação profissional simultânea ao afastamento. O relatório da pasta, encaminhado à CGM (Controladoria-Geral do Município), confirmou a “similitude de datas de afastamento com o exercício de atividades em rede privada”.
Agentes da secretaria realizaram uma visita in loco em 19 de agosto de 2025, confirmando a presença da médica em atendimento particular. A constatação motivou a abertura de um PAD (Processo Administrativo Disciplinar), recomendada pela CGM e acatada pelo MPSC, que reconheceu “indícios suficientes de materialidade e autoria das irregularidades”.
A servidora, que possui salário líquido de R$ 20.254,08, continuou recebendo os vencimentos normalmente durante o afastamento. Caso seja confirmada a irregularidade, ela poderá sofrer sanções que vão desde suspensão até exoneração, além de ressarcimento aos cofres públicos.
O que diz a defesa
O advogado do Simesc (Sindicato Médico do Estado de Santa Catarina), Rodrigo J. Machado Lea, atua na representação da médica.
Por meio de nota, ele informou que “não houve apresentação de defesa junto ao MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), uma vez que a profissional ainda não foi notificada sobre qualquer procedimento em curso no órgão”.
Quanto ao PAD, instaurado pela prefeitura, a defesa afirma que “não há materialidade nas acusações, ressaltando que a servidora sempre agiu com boa-fé, transparência e zelo pela própria saúde”.
Antes do afastamento, diz a nota, “a médica buscou alternativas administrativas, incluindo pedido formal de redução de carga horária ou readequação funcional para um cargo de natureza burocrática, que não exigisse esforço físico intenso”. A defesa alega que os pedidos não obtiveram resposta da gestão municipal.
“Laudo da junta médica oficial reconheceu incapacidade parcial, limitada às atividades extenuantes da unidade pública. As atividades realizadas no consultório particular têm caráter leve, terapêutico e compatível com seu tratamento, sendo inclusive beneficiais ao quadro clínico”, complementa o advogado.
A defesa requereu o arquivamento do processo administrativo, reafirmando que não houve dano ao erário nem prejuízo à população. A defesa enfatiza, no posicionamento, que a médica “não está inválida, encontrando-se afastada com concordância e orientação da junta médica oficial”.
Conforme o estatuto do servidor municipal (Lei Complementar nº 63/2003, em seus art. 92 e 96), “a licença para tratamento de saúde visa resguardar o servidor de atividades incompatíveis com sua condição física, não proibindo o desempenho de atividades leves, desde que compatíveis com seu quadro clínico e não lesivas ao interesse público”.
Quem é a médica investigada
Formada em Medicina pela UFSC, com residência e mestrado em Ciências Médicas, Naarai Camboim também cursa doutorado na mesma universidade e pós-graduação em Psiquiatria pelo Hospital Albert Einstein.
Em suas redes sociais e site profissional, ela oferece consultas particulares e acompanhamento psicanalítico. O perfil no Instagram foi desativado após a abertura da investigação, mas o site segue ativo, com informações de contato e agendamento.
Com informações de ND+.

