Educação financeira deve começar na infância, mas prática ainda é falha dentro de casa, aponta pesquisa

Por: Jéssica Schmidt
em 12/10/2025 às 20:00
Educação financeira deve começar na infância, mas prática ainda é falha dentro de casa, aponta pesquisa
Foto: Imagem Ilustrativa/Divulgação

Uma pesquisa recente do Serasa sobre hábitos financeiros familiares revela que 84% dos consumidores brasileiros consideram muito importante que crianças e adolescentes recebam orientação financeira. Apesar disso, o comportamento dentro de casa ainda apresenta lacunas: 85% dos pais afirmam conversar com os filhos sobre o tema, mas apenas 39% têm o hábito de dar mesada — um dos instrumentos mais práticos para ensinar a lidar com o dinheiro.

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Entre os que oferecem o valor mensal, 53% repassam até R$ 60, sendo a faixa etária entre 6 e 11 anos a que mais recebe (54%), seguida pelos adolescentes entre 15 e 18 anos.

A falta de uma estrutura sistematizada nas escolas contribui para que a educação financeira infantil ainda dependa fortemente do ambiente familiar.

“Quando as crianças têm contato com o tema desde cedo, elas desenvolvem uma relação mais consciente com o dinheiro. Entendem que cada escolha tem um impacto e aprendem a planejar, mesmo que de forma simples. Esse aprendizado, que começa em casa, é essencial para formar adultos mais preparados financeiramente”, explica Marcelo Pedroso, líder da XP em Santa Catarina.

O estado catarinense, no entanto, tem avançado nesse tema. Em abril de 2024, foi sancionada a lei que institui a Política de Educação Financeira nas escolas públicas e privadas de Santa Catarina.

A normativa estabelece um conjunto de ações integradas com objetivos como promover o planejamento financeiro, incentivar a gestão de dívidas e investimentos, prevenir o superendividamento e fortalecer a proteção ao consumidor.

Para Marcelo Pedroso, é fundamental que os pais também participem desse processo, envolvendo os filhos em pequenas decisões financeiras desde cedo — e o Mês das Crianças pode ser uma excelente oportunidade para isso. “Em vez de simplesmente dar um presente, os pais podem combinar um orçamento, pesquisar preços juntos ou até incentivar a criança a poupar parte da mesada para algo que ela deseja muito. Isso ensina sobre planejamento e responsabilidade de forma leve e prática”, destaca o especialista.

Confira as dicas do especialista para praticar a educação financeira com as crianças:

  • Comece pelo exemplo: crianças aprendem observando. Se os pais demonstram organização e controle nos gastos, isso naturalmente influencia o comportamento dos filhos;
  • Mesada como ferramenta de aprendizado: mais do que um valor simbólico, a mesada ensina a administrar recursos, lidar com limites e fazer escolhas;
  • Crie metas e objetivos: incentivar a criança a economizar para comprar algo desejado ajuda a desenvolver paciência e disciplina;
  • Explique o valor do trabalho e do dinheiro: mostrar que o dinheiro é resultado de esforço e tempo ajuda a criar consciência sobre consumo;
  • Use jogos e ferramentas lúdicas: existem aplicativos e brincadeiras que tornam o aprendizado divertido e adequado à faixa etária.

“Educar financeiramente uma criança é plantar um futuro mais equilibrado. Quanto antes o tema for tratado, mais chances ela terá de se tornar um adulto que faz escolhas conscientes e evita o endividamento”, finaliza Marcelo Pedroso.