
O pedido de impeachment protocolado e enviado à Comissão de Segurança Pública da Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina) contra o Delegado-Geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, teria motivação político-partidária de núcleos políticos do Sul do Estado. A declaração foi dada por ele durante o Jogo do Poder desta sexta-feira (28), em entrevista ao jornalista Emanuel Soares.
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Ulisses recebeu convocatória para prestar contas na CSP, presidida pelo deputado Jessé Lopes (PL), em razão de ter participado de reuniões e eventos com prefeitos, vereadores, empresários e lideranças do PL em diversas cidades do Sul de Santa Catarina durante o horário de expediente.
Segundo o pedido, Ulisses utilizaria a condição de autoridade policial para ampliar sua presença pública e fortalecer vínculos políticos, além de postagens em redes sociais envolvendo entregas de viaturas e emendas recebidas pela Polícia Civil catarinense.
Tais atos, na visão do denunciante, configurariam uso político da Polícia Civil. De acordo com o delegado, a denúncia é inválida na origem – em função da motivação do denunciante e dos embasamentos.
“O pedido de impeachment foi de um ex-PM que foi expulso da polícia militar no governo Jorginho. Ele quer criar um caos na gestão da segurança pública e criar crise no governo usando a minha pessoa. No decorrer da petição, um dos fatos é que o deputado fulano disse que eu estou fazendo campanha. Esse é o embasamento. Ou que a deputada fulana disse a mesma coisa. Um é candidato e outra tem marido candidato”, afirma.
Ulisses faz referência a Renato da Silva Rodrigues, ex-soldado da PM que, em 2023, foi alvo de um Processo Administrativo Disciplinar por “revelar fato de que tinha ciência em razão do cargo e que deveria permanecer em segredo”. Hoje, Renato é proprietário do site “Canal Criciúma”, portal de notícias de Criciúma e região.
“No decorrer da petição, cita eventos públicos de que participei com o governador, cita vídeos que eu mesmo faço, sem assessor de imprensa. E há alegação de que eu visitei prefeituras e deputados federais e divulguei os agradecimentos às emendas recebidas”, disse.
“O deputado Cobalchini deu uma viatura para Caçador. Publiquei na minha rede social e divulguei. O deputado Gilson Marques fez grande investimento na polícia civil, a gente vê o deputado Ricardo Guidi, Daniel, Carol de Toni, o deputado Chiodini, Minotto, deputado Lima, todos os que deram um valor considerável para a polícia, eu entrego uma miniatura de viatura que eu pago do meu bolso”, finalizou.
Além disso, para o delegado-geral, o sequente acatamento da denúncia por parte da Alesc foi motivado por disputa política de núcleos ligados ao Sul do Estado.
“Além do trabalho anticorrupção, que tem incomodado bastante gente aqui em Santa Catarina, há aumento no trabalho de polícia, e isso incomoda algumas pessoas. Há interessados. Canais de imprensa interessados, e esse cidadão é de um canal de comunicação, então não sei se está sendo remunerado para fazer essa representação. Tem uma questão político-partidária”, disse.
Inicialmente, a Procuradoria-Geral do Estado compreendeu que não seria possível a Assembleia conduzir o processo de impeachment – entendimento que mudou após revisão. Agora, em nova compreensão, a PGE incumbiu à Procuradoria da Alesc uma manifestação a respeito.
Nome à disposição do PL
Apesar de não confirmar pré-candidatura a cargos eletivos, Ulisses pôs o nome à disposição não apenas do governador Jorginho Mello (PL), ao qual promete lealdade, mas também do Partido Liberal.
Isso porque se projeta um vácuo de representatividade política do Sul catarinense no âmbito estadual para a próxima legislatura, de acordo com Ulisses.
“Tínhamos oito deputados estaduais do Sul de Santa Catarina, dos quais o Soratto saiu, foi para a Prefeitura de Tubarão, e ficaram sete. Três não concorrem: Volnei Weber, Júlio Garcia, que concorre a Federal, e Zé Milton, pré-candidato a Federal. Ficam Jessé, Rodrigo Minotto, Pepê Collaço, que representa a Amurel e Tiago Zilli, que representa a Amesc”, diz.
O vazio aumentaria na defesa da segurança pública – especialmente sobre candidatos com experiência teórica e empírica dentro das polícias.
“Na segurança pública havia 3 representantes. Egidio, prefeito de Blumenau, ficaram 2: Maurício Eskudlark, que não concorre, e tem o Sargento Lima, pré-candidato a deputado federal. Não existirá ninguém na segurança pública com experiência na área.
Por fim, o delegado pôs as decisões nas mãos do “líder maior”, governador Jorginho Mello.
“Mas quem toma decisões é o governador Jorginho, tenho lealdade ao governador. Estive filiado ao PSD até 2020 e depois não mais, em partido algum. Quem decide isso é nosso líder maior, Jorginho. Estou à disposição do governador e do PL”.

