
O Dia Mundial e Nacional de Conscientização e Combate ao Alzheimer (21), chama a atenção para a importância de identificar precocemente os sinais da doença e oferecer suporte tanto ao paciente quanto aos cuidadores.
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Nos estágios iniciais, o Alzheimer costuma se manifestar por alterações na memória recente. “O paciente começa a ter dificuldade para aprender novas informações, desde lembrar o que comprou no mercado até recordar uma conversa da semana passada”, explica a médica neurologista Brunna Nicole, professora do Idomed (Instituto de Educação Médica).
No entanto, é importante diferenciar esquecimentos ocasionais de um quadro patológico. “Consideramos preocupante o esquecimento que gera prejuízo no dia a dia, porque esquecer uma coisa ou outra de vez em quando faz parte da normalidade”, ressalta.
Além das falhas de memória, a desorientação também é frequente nos primeiros estágios. “O paciente passa a esquecer caminhos que fazia normalmente, até mesmo trajetos simples, como ir à padaria ou ao mercado. Pode se perder, seguir para o lado errado”, detalha a especialista. Dificuldades para resolver problemas cotidianos e se expressar por escrito também podem surgir. “Não é apenas a fala que pode ser afetada”, acrescenta.
Embora o Alzheimer seja uma das principais causas de demência, outras condições podem provocar sintomas semelhantes e, em alguns casos, reversíveis. “Um paciente com deficiência importante de vitamina B12, hipotireoidismo descompensado ou até depressão pode apresentar lapsos de memória que se confundem com Alzheimer”, alerta Brunna Nicole.
Diagnóstico precoce
Por isso, o diagnóstico precoce e preciso é essencial. “Muitas vezes, os sintomas podem estar relacionados a outros tipos de demência que têm tratamento específico e podem devolver qualidade de vida ao paciente.”
Atualmente, ainda não existe cura para o Alzheimer. “Os medicamentos disponíveis têm como objetivo retardar a evolução da doença, fazendo com que progrida mais lentamente”, explica a neurologista. Nos últimos anos, os anticorpos monoclonais surgiram como promessa, por atuarem na eliminação do acúmulo da proteína beta amiloide no cérebro.
“Os resultados, até agora, são parcialmente satisfatórios. Observamos alguma melhora em pacientes no estágio inicial, mas, nos que já apresentam declínio significativo da memória, não houve benefício. Além disso, esses medicamentos apresentam riscos adversos e custo elevado”, pontua.
Além do tratamento medicamentoso, manter o paciente cognitivamente ativo é fundamental. “É muito importante que continue saindo com a família, participando de atividades na comunidade e realizando tarefas domésticas seguras”, sugere a médica. Pequenos estímulos diários também ajudam. “Por exemplo, o familiar pode preparar uma massa de bolacha e o paciente pode ajudar a cortar com a forminha. Isso evita a monotonia e fortalece os vínculos familiares.”
Desafios para os cuidadores
A doença também impõe desafios emocionais aos cuidadores. “Os pacientes nem sempre correspondem às expectativas, o que pode gerar frustração. Existe uma condição chamada estresse do cuidador, que é muito comum e bastante negligenciada”, adverte Brunna Nicole.
Tanto familiares quanto cuidadores profissionais podem enfrentar grande desgaste emocional. “O ideal é que também cuidem de si mesmos, façam acompanhamento psicológico e terapia, pois é muito difícil lidar com o declínio cognitivo de alguém próximo, como um pai ou uma mãe.”
Para reduzir os riscos e minimizar os impactos da doença, a neurologista recomenda manter a mente ativa e adotar um estilo de vida saudável. “Devemos sempre aprender coisas novas, ler e estudar temas variados, não apenas ligados ao trabalho. Quanto mais informações diferentes absorvemos, mais exercitamos o cérebro”, orienta. A prática regular de atividades físicas também é essencial. “Ela contribui tanto para a memória quanto para a preservação da massa muscular, fundamental para manter a mobilidade e a independência na velhice.”